Dados da Organização Mundial de Saúde mostram que, desde 2021, o
câncer de mama é o tipo mais comum em todo o mundo. No Brasil,
foram estimados 66.280 casos novos em 2022 – aproximadamente 44
casos a cada 100 mil mulheres. Esse aumento fez com que mama
passasse outros cânceres incidentes como próstata e pulmão.
Não bastasse esses dados alarmantes, números recentes da Sociedade
Brasileira de Mastologia (SBM) revelam que nos últimos dois anos a
incidência de câncer de mama entre mulheres jovens aumentou. No
país, a incidência hoje está entre 4% e 5% dos casos em mulheres com
menos de 35 anos. Antes, apenas 2% dos casos eram observados nesta
faixa etária.
O aumento de casos em mulheres mais jovens é um desafio porque elas
estão fora do grupo de rastreamento mais frequente, que é a partir
de 40 anos. E, nesses casos, tumores mais agressivos são comuns, como os
subtipos inflamatórios. Esse tipo de carcinoma muitas vezes não
apresenta um nódulo e pode não aparecer na mamografia, o que
dificulta o diagnóstico.
Além disso, se espalha rapidamente para os tecidos, inclusive para os
linfonodos próximos. A velocidade de evolução faz com que haja uma
reação inflamatória em toda área afetada.
E por que o câncer de mama vem crescendo entre mulheres mais jovens?
As causas são multifatoriais e estão relacionadas aos mesmos motivos
do aumento da incidência globalmente tais como:
- mudança do estilo de vida da mulher moderna, que passou a adiar a
gravidez para depois dos 30 anos;
- redução do número de filhos;
- não amamentação ou amamentação por períodos curtos;
- obesidade;
- maior exposição hormonal.
É bom lembrar ainda que o câncer hereditário é bem específico dessa
faixa etária – entre 5% a 10% estão relacionados a mutações genéticas
hereditárias. Por isso, quem tem casos de câncer de mama na família
deve fazer um rastreamento diferenciado, iniciando a mamografia e
ressonância de mama antes dos 40 anos.
A boa notícia é que vivemos um momento de transformação no que diz
respeito ao tratamento de câncer de mama por conta do conhecimento
da sua biologia molecular. Com isso, conseguimos usar estratégias
mais assertivas e com maiores chances de cura. No entanto, nenhuma
tecnologia supera o diagnóstico precoce. A identificação de uma lesão
inicial é a estratégia mais eficaz para tratamentos menos agressivos e
com maior chance de cura. Ou seja, fazer a mamografia anualmente, a
partir dos 40 anos de idade é fundamental para reduzir a mortalidade
por câncer de mama.